O 37 Graus é filho de uma (ex) cientista com uma jornalista. Aprendemos uma com a outra todos os dias. Reunimos neste post algumas dessas coisas que aprendemos juntas e que podem ajudar quem está começando no jornalismo científico.
Prepare o entrevistado
Conte para ele sobre a sua ideia, o formato da reportagem e o público a que ela se destina. Muitas vezes, cientistas são também professores. Sem perceber, podem assumir um tom professoral e acabar te dando uma aula em vez de uma entrevista. Se isso acontecer, tente (com jeitinho) puxar a conversa de volta para os trilhos. Não tenha medo de interromper.
Se você quer respostas informais e sem jargões, faça perguntas informais e sem jargões
Uma pergunta como “o que é a luz para vocês, físicos?” pode render uma resposta mais interessante e soltinha do que “como a definição de luz vem sendo debatida pela física nas últimas décadas?”.
Preste atenção nas partes concretas e nas partes movediças
Antes, durante e depois de entrevistar alguém para uma pauta, fique atento para identificar o que é consenso na área, quais pontos estão sendo contestados e quais ainda exigem mais estudos antes de bater o martelo.
Cuidado para não matar a entrevista
É importante chegar com o assunto bem estudado. Mas, se as suas perguntas derem a entender que você já sabe tudo, o entrevistado pode acabar dando respostas mais superficiais e menos interessantes. Muitas vezes, as perguntas aparentemente bobas desencadeiam boas respostas.
Não se baseie em uma fonte só
Nos bastidores da ciência, acontecem debates e controvérsias que, muitas vezes, quem está de fora nem imagina. Por isso, é importante ler materiais diversos e consultar outros pesquisadores da área (mesmo que não apareçam na reportagem) antes de fazer grandes afirmações.
Todo mundo erra
Sempre cheque os dados e os fatos fornecidos pelos especialistas. É muito fácil confundir números, datas e nomes, ainda mais no calor do momento, no meio de uma entrevista.
Peça ajuda para visualizar as explicações
Não hesite em pedir exemplos e metáforas. Com um pouquinho de esforço, conceitos que pareciam muito abstratos podem ganhar uma cara mais amigável. Uma dica é propor ao entrevistado uma metáfora sabidamente ruim para determinado conceito, e assim “obrigá-lo” a te dar uma melhor.
Conhecimento nem sempre é tudo
Se o seu conteúdo for em áudio ou vídeo, lembre-se que, além de dominar o assunto que está sendo tratado, o entrevistado precisa ter carisma e desenvoltura. Uma dica é procurar outras entrevistas que essa pessoa já tenha dado para verificar como ela se porta em frente aos microfones e câmeras.